Advogado de golpista do 8/1 foi condenado por violência contra mãe

O advogado Hery Waldir Kattwinkel Junior, que proferiu sustentação oral no Supremo Tribunal Federal para defender Thiago de Assis Mathar nesta quinta-feira (14/9), foi condenado em primeira instância em 2019 por violência doméstica, acusado de agredir a mãe e a irmã. Ele se tornou réu em 2018. 

Advogado comparou ‘perseguição’ a golpistas com o Holocausto nazista

Reprodução

O fato foi registrado no dia 6 de novembro de 2016 em Votuporanga (SP). Em julho de 2019, a 2ª Vara Criminal e da Infância e Juventude condenou o advogado pelo crime de violência doméstica (artigo 129, parágrafo 9º, por duas vezes). Ele pegou pena de sete meses de detenção em regime aberto, além de ter sido proibido de deixar a cidade e “frequentar lugares” por dois anos.

Ele chegou a entrar com recurso, mas, nas últimas tramitações processuais disponíveis, consta que teve sua contestação rejeitada. O processo corre sob sigilo.

De acordo com o jornal A Cidade Votuporanga, que noticiou o fato à época, antes de o processo passar a tramitar sob segredo de Justiça, na sentença contra o advogado consta que ele “ofendeu a integridade física de sua genitora e de sua irmã, causando-lhes lesões corporais de natureza leve”.

Na ocasião, o jornal entrou em contato com Hery, que disse: “ao contrário do que foi dito que eu tinha espancado a mãe, houveram lesões leves recíprocas. É que em todo momento defendi meu pai! Que o interesse delas era na herança. Estranhamente, seis meses após sair de casa meu pai faleceu. Jamais agredi mãe e irmã, só não deixei que maltratassem meu pai!”

Junior também foi eleito vereador por Votuporanga e candidato à Prefeitura da cidade pelo PTB em 2020, recebendo mais de 15 mil votos (36,1% dos eleitores). 

O advogado, todavia, acabou caindo no primeiro turno. Nas últimas eleições, ele tentou, sem sucesso, o cargo de deputado estadual pelo Solidarieadade.

A sigla inclusive anunciou nesta sexta (15/9) que vai expulsá-lo de seus quadros após ter atuado na defesa de Mathar. “O Sr. Hery Waldir Kattwinkel Júnior ocupou a tribuna do Supremo Tribunal Federal para protagonizar um grotesco espetáculo de ataques aos Ministros do Supremo Tribunal Federal, verbalizando e endossando o discurso de ódio, não raro permeado de fake news, que contaminou parte da sociedade brasileira”, diz a nota do partido.

Já o homem defendido por Junior, produtor rural natural de Votuporanga,  que participou dos atos golpistas em Brasília, foi condenado a 14 anos de prisão por cinco crimes, incluindo a tentativa de golpe de Estado. Ele também foi condenado  ao pagamento de R$ 30 milhões em danos morais coletivos (valor que será pago junto a outros réus) e 100 dias-multa — cada dia corresponde a um terço do salário mínimo.

Durante o julgamento, nesta quinta, o advogado utilizou seu tempo de sustentação para comparar seu cliente a Jesus Cristo, além de apontar supostas semelhanças entre a persecução penal contra os golpistas e o assassinato de milhões de judeus durante o Holocausto nazista. 

“Eu vejo que o ministro Alexandre de Moraes inverte o papel de julgador aqui nessa Suprema Corte. Ele passa de julgador a acusador. É um misto de raiva com rancor com pitadas de ódio quando fala dos patriotas. A cena que vi lá (na Papuda) me lembrou muito o Holocausto”, disse. 

Ele ainda confundiu as obras O Príncipe, clássico da filosofia política de Nicolau Maquiavel, com a obra infantil O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, ao citar o clichê “os fins justificam os meios” — que, aliás, sequer consta na obra de Maquiavel, apesar de ser comumente associado a ela. 

“É patético que um advogado suba à tribuna do Supremo Tribunal Federal com discurso de ódio, com discurso para postar depois nas redes sociais. Talvez pretendendo ser vereador do seu município no ano que vem. Digo com tristeza que o réu aguarda que ele venha aqui defender tecnicamente. O advogado não analisou nada, absolutamente nada. Preparou um discursinho para postar em redes sociais”, rebateu Alexandre após a fala do advogado. “Só não seria mais triste porque confundiu O Príncipe, de Maquiavel, com O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry.”

Processo 0011042-38.2016.8.26.0664

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