Alegando circunstâncias que se relacionam com a “integridade física e moral” de sua família, o desembargador Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), declarou-se nesta quinta-feira (20/4) suspeito para atuar nos processos que envolvem o advogado Rodrigo Tacla Duran e a finada “lava jato”.
No despacho, Malucelli disse que a decisão tem “natureza de cunho estritamente pessoal” e “constitui prerrogativa do magistrado“.
“Assentadas tais premissas, ante a ocorrência de circunstâncias posteriores à data em que assumi os processos oriundos da presente operação (em trâmite junto ao Juízo Federal da 13ª Vara Federal de Curitiba/PR) e que se relacionam com a integridade física e moral de membros da minha família, declaro minha suspeição superveniente, por motivo de foro íntimo, para atuar neste e em todos os demais processos relacionados por prevenção, a partir desta data”, escreveu o desembargador.
Membro da 8ª Turma do TRF-4, Malucelli é autor da decisão que restabeleceu, no dia 11 deste mês, a prisão preventiva de Tacla Duran. Ele é pai do advogado João Eduardo Malucelli, sócio do ex-juiz Sergio Moro em um escritório de advocacia.
A decisão foi tomada pelo desembargador mesmo após o Supremo Tribunal Federal suspender as ações penais contra Tacla Duran, depois de o advogado citar Moro, hoje senador, e o ex-procurador Deltan Dallagnol, hoje deputado federal, em uma suposta tentativa de extorsão. Em manifestação ao STF, Malucelli negou ter ordenado nova prisão preventiva de Tacla Duran — a Justiça Federal de Curitiba, no entanto, confirmou que a ordem foi emitida.
Três dias depois da decisão contra Tacla Duran, o corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, deu prazo de cinco dias para que Malucelli prestasse informações sobre a ordem de prisão. O objetivo do procedimento era saber se o desembargador cometeu falta disciplinar ao emitir a ordem e apurar seus vínculos com Moro.
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