A precursora dos sistemas interativos de inteligência artificial (IA) e conhecida assistente virtual do iPhone, Siri, foi uma das protagonistas do lançamento do iPhone 4S em 2011. Porém, passou a entender português do Brasil apenas em abril de 2015, quase quatro anos após o anúncio, quando o iPhone 6 já estava à venda.
A situação é similar ao Apple Intelligence, ferramenta de IA que protagoniza o lançamento da nova linha de iPhones 16 e deve estar integrada a toda linha de aparelhos da empresa —dos relógios aos desktops. O recurso anunciado em junho estará disponível, em versão de testes, só no mês de outubro, apenas em inglês.
Procurada, a Apple não deu projeções de quando deve expandir os recursos para português. O recurso estará disponível em inglês americano para quem baixar a versão beta. A big tech prometeu versões em japonês, chinês, espanhol e francês para “o próximo ano”, sem especificar quando.
Como são desenvolvidos a partir de dados em diversos idiomas, os modelos de IA generativa —aquela vista no ChatGPT e adotada também no Apple Intelligence— tendem a ter algum nível de proficiência com variados idiomas.
Isso daria à Apple uma vantagem no desenvolvimento em relação à Siri, que precisou de construções quase do zero para cada idioma.
Por outro lado, a empresa precisa de estudar o comportamento do modelo de IA para cada idioma, para identificar vieses —preconceitos notados na sociedade e reproduzidos pela tecnologia—, além de correlações espúrias (ligações criadas pelo modelo sem justificativa aparente).
O fundador da empresa de consultoria em inteligência artificial Redcore, Gustavo Zaniboni, afirma que o maior risco da tecnologia está relacionado ao conteúdo. “Se a empresa coloca um modelo no ar, e ele dá respostas erradas ou ruins, ela se queima; se dá respostas impróprias; ela se queima ao quadrado.”
A Apple anuncia sua nova IA como uma reformulação completa da interface entre aparelho e usuário. A Siri estará nos Apple Watches fazendo transcrição de texto, sumarizando videoconferências nos iPhones e terá compreensão do que passa na tela —assim, poderá, por exemplo, sugerir a reprodução de uma música com base no conteúdo de uma mensagem.
Isso, segundo a Apple, seguirá padrões de privacidade. O máximo de informações possível será processado no pró prio smartphone. O restante será enviado a data centers sob proteção de criptografia.
A nova versão da assistente virtual da Apple, na verdade, é apenas uma parte do que a empresa chama de Apple Intelligence, uma IA proprietária fará parte de seus produtos com a chegada do sistema operacional iOS 18 nos próximos dias para modelos mais recentes.
Esse sistema também será compatível com o principal aplicativo do tipo, o ChatGPT. Em demandas relacionadas a fotos ou documentos, será possível usá-lo gratuitamente e sem necessidade de cadastro.
A Apple também promete um maior entendimento da língua falada (no início, somente o inglês). O novo design da Siri, que agora deixa as bordas da tela coloridas, tem as mesmas cores usadas no convite da empresa para o evento desta segunda.
Recursos como geração de imagens, de textos e até transcrição instantânea de chamadas de áudio também acompanham a atualização. As novidades foram anunciadas durante o WWDC 2024, evento voltado para desenvolvedores de julho deste ano.