Toffoli dá a almirante Othon acesso a conversas da ‘lava jato’

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, concedeu ao almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclar, acesso aos diálogos entre procuradores da finada “lava jato” de Curitiba.

Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva

foi presidente da Eletronuclear

Reprodução

“Determino ao juízo da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal que assegure ao requerente, com o apoio dos peritos da Polícia Federal, o acesso integral às mensagens”, disse Toffoli na decisão.

A defesa de Othon, comandada pelo advogado Fernando Augusto Fernandes, citou texto em que a revista Veja apontou que o ex-juiz Sergio Moro — “extrapolando suas atribuições” — escolheu data para o cumprimento de mandados de prisão preventiva e busca e apreensão contra o almirante.

A reportagem mencionou mensagem, de 7 de julho de 2015, na qual uma pessoa não identificada — que o veículo concluiu ser o então procurador Carlos Fernando dos Santos Lima — avisou a um interlocutor — que a Veja apurou ser o delegado federal Igor Romário — que “o Russo sugeriu a operação do professor para a semana do dia 20”. “Russo” era o apelido de Moro entre os procuradores. Já “professor” era como se referiam a Othon. “Opa… beleza… Vou começar a me organizar”, respondeu o delegado.

O ex-presidente da Eletronuclear foi nominalmente mencionado em pelo menos duas outras conversas que já vieram a público, aponta Fernando Fernandes. Nos diálogos, procuradores discutem informações relacionadas ao almirante e suas filhas que seriam fornecidas por meio de cooperação internacional e estratégias das investigações.

“Ora, nos diálogos retro, verificam-se indícios de práticas irregulares atinentes à cooperação internacional utilizada contra o requerente (Othon Luiz Pinheiro da Silva), reforçando, portanto, a gravidade dos diálogos objeto do presente pedido. Não há dúvida quanto à potencialidade negativa de tais comunicações em face do requerente, é legítimo, portanto, o seu acesso à totalidade das mensagens, conforme já deferido em inúmeras oportunidades anteriormente”, argumentou o advogado.

A solicitação se deu na Reclamação 43.007, a mesma em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve acesso aos diálogos entre procuradores apreendidos pela PF na autoapelidada “operação spoofing”.

A defesa de Othon entrou com um pedido de extensão. O relator é o ministro Dias Toffoli, que assumiu o processo depois da aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski.

Exagero punitivista

Na primeira sentença do braço fluminense da “lava jato”, o juiz Marcelo Bretas — que está afastado da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro desde fevereiro deste ano por determinação do Conselho Nacional de Justiça — condenou Othon Luiz Pinheiro da Silva a 43 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, obstrução às investigações, evasão de divisas e participação em organização criminosa.

Por entender que a conduta social e os motivos da prática do crime de corrupção não autorizam a elevação da pena em “índice elevadíssimo”, como feito por Bretas, a 1ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (RJ e ES) reduziu a pena do almirante para quatro anos, dez meses e dez dias de prisão. A pena de reclusão foi substituída por duas restritivas de direitos.

Clique aqui para ler a decisão

Pet 11.737

Sérgio Rodas é correspondente da revista Consultor Jurídico no Rio de Janeiro.

Consultor Júridico

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