Como usar IA em viagem, exercício, compromisso e trabalho – 14/06/2025 – Tec

Uma das promessas mais repetidas das empresas de tecnologia nos últimos meses é a de que será possível se divertir e se cuidar melhor sem precisar planejar tanto.

O trabalho de pesquisar atividades e colocá-las em um cronograma será responsabilidade dos chamados agentes de inteligência artificial. De acordo com o CEO da empresa de tecnologia Scoras, Anderson Amaral, o agente, ao contrário do chatbot, entende contexto e tem iniciativa de tomar decisões em nome do usuário.

A pessoa define quanto de liberdade dará ao robô, afirma Amaral. Ele usa, por exemplo, uma IA para dar primeiras respostas a quem o procura, antes de assumir as rédeas da conversa. “Tempos atrás eu usava a minha própria voz clonada, mas eu comecei a achar um pouco antiético e parei”, disse.

A Folha testou algumas ferramentas disponíveis na internet para organizar viagens, estudar idiomas, fazer exercícios e cuidar da agenda —quase todas são pagas. Em alguns casos, ainda é melhor recorrer ao bom e velho ChatGPT do que contratar um agente.

Apenas uma pequena parcela da população já tem acesso a esse nível de tecnologia, uma vez que os primeiros aplicativos usando IA com sucesso ainda engatinham.

SECRETÁRIA NO WHATSAPP

No Brasil, os agentes chegaram ao WhatsApp. A Zapia, já conhecida por responder a dúvidas e transcrever áudios no WhatsApp, diz que agora será possível fazer pesquisa de preços e contratação de serviços com a ajuda de uma secretária inteligente no WhatsApp.

O funcionamento é gratuito e simples: o usuário envia o pedido para a Zapia. Em teste, a Folha pediu indicações de barbearias no centro de São Paulo, com preço de até R$ 100. A IA voltou com duas sugestões de salão e deu a opção de entregar um contato conhecido.

A própria IA teria de contatar o barbeiro, se apresentar como assistente da pessoa e perguntar sobre horários e valores. Na simulação feita pela reportagem, a barbearia não respondeu em um prazo de três horas, durante horário comercial, e houve necessidade de chamar o salão pessoalmente.

O atendente, porém, disse que não recebeu mensagem que o assistente de IA afirmou ter enviado.

Mesmo se desse certo, a única vantagem clara do serviço foi a busca, que poderia ter sido feita no Google ou em um chatbot.

De acordo com a vice-presidente de marketing da Zapia, Michele Chahin, é o usuário quem define se o robô apenas conversará com a outra pessoa ou fará agendamentos. “A ação ainda é do usuário, que decide com o comando o que ele quer, uma simples busca ou uma reserva em um restaurante.”

Também é possível usar a Zapia para agendar lembretes. A IA recorda o usuário do compromisso com mensagens no próprio WhatsApp.

PLANEJAR VIAGEM

“A inteligência artificial está revolucionando como as pessoas têm ideias de férias e planejam suas viagens”, escreveu a consultoria de negócios Oliver Wyman. A ideia de que um robô poderia comprar bilhetes promocionais em seu lugar e dar dicas dos melhores lugares para visitar foi uma das primeiras propagandas da OpenAI, ainda em 2023.

Pouco das promessas ainda se mostra viável, devido à diversidade de links e compras que envolvem um passeio completo. É preciso pesquisar voos, acomodações, guias, restaurantes e fazer tudo isso caber no orçamento.

A plataforma Layla tenta tirar a ideia do papel e cobra R$ 60 por mês pelo serviço. O usuário digita um destino e um tempo de viagem. A plataforma pergunta sobre preferências de passeio, acomodação e meio de transporte.

A assistente, então, devolve uma lista de cidades, passeios e preços. O aplicativo, porém, não consegue trabalhar dentro dos orçamentos indicados, e o usuário precisa alterar as sugestões para fazer o preço baixar. Além disso, as dicas de pacotes estão sempre ligadas a grandes plataformas.

Alterar o itinerário para conseguir algo mais detalhado ainda depende do conhecimento do viajante. A reportagem, por exemplo, precisou dar a ideia de trocar os hotéis por hostels para economizar.

Por ora, ainda é mais eficiente usar apps de viagens e acomodações como Booking e Skyscanner. Perguntar para o ChatGPT também dá ideias mais diversas de passeio. Juntando as informações, o turista consegue montar um cronograma mais interessante.

FAZER EXERCÍCIO

Outra solução vendida pelo mercado é o treinador de IA. Aplicativos como o Zing conseguem analisar os dados de saúde, com mais detalhe se o usuário tiver relógio, acompanhar a dinâmica do movimento por meio das câmeras e dar instruções por voz, criada também por inteligência artificial.

O aplicativo monta um plano de treino com base nas preferências do usuário, que podem variar entre saúde, melhora no preparo físico e ganho de massa muscular, além de tempo pretendido de exercício.

Para a Folha o aplicativo preparou uma rotina que envolvia aquecimento, além de fortalecimento muscular, em cinco dias da semana. Um dia ficou reservado para alongamento e recuperação.

Na proposta de treino sem uso de halteres escolhida, a IA entregou uma rotina com exercícios simples. O maior diferencial foi o uso da câmera para checar se a dinâmica dos exercícios está correta.

Profissionais de educação física, no entanto, contestam se o aplicativo consegue identificar erros de execução no detalhe e se há uma abordagem correta para incentivar o desenvolvimento de consciência corporal.

Também é possível usar chatbots para pedir sugestões (não profissionais) de treino e de dieta. Outro comportamento recorrente é o envio de fotos pessoais para o ChatGPT e similares para pedir avaliação física —o que também tem os resultados contestados, já que apenas a imagem não fornece informações suficientes para fazer um diagnóstico.

ESTUDAR IDIOMAS

O Duolingo também passou a lançar opções de IA generativa no fim do ano passado, ao adicionar aulas com uma inteligência artificial que assume a aparência de um dos personagens do aplicativo.

Embora não trabalhe com contexto, o recurso tem um nível de autonomia ao propor o tema da conversa, perguntando sobre hobbies ou comidas favoritas no idioma indicado.

Não há, no entanto, um trabalho para corrigir os erros e ensinar particularidades da língua em estudo. As videochamadas com a Lily, como se chama o serviço, estão inclusas dentro do plano Duolingo Max, que custa R$ 399,90 por mês.

Conversar diretamente com chatbots, como o ChatGPT e o Claude, teve melhores resultados para a reportagem.

Nenhuma das abordagens se comparou a uma aula de verdade ou propôs um cronograma pedagógico.

NO TRABALHO

Google e Microsoft incrementaram versões com algum nível de autonomia de suas inteligências artificiais aos seus aplicativos de trabalho, como documentos, planilhas, slides e videoconferências.

Foi destaque no último evento do Google, por exemplo, uma IA que verá arquivos e emails do usuário e escreveria respostas no lugar dele. O usuário, no fim, decide se quer editar a proposta e confirma o envio da mensagem.

Outra ferramenta que chamou atenção foi um tradutor instantâneo de voz no Google Meet. A voz virtual que diz as frases traduzidas soa parecida com a original.

A Samsung oferece uma opção similar para chamadas em seus celulares mais recentes.

Esses recursos só estão disponíveis para quem assina o plano premium de R$ 81,80 mensais —o preço anual é de R$ 980.

A Microsoft também oferece assistentes que marcam compromissos, agilizam a resposta de emails e auxiliam na criação de fórmulas para planilhas. A assinatura sai por R$ 110 ao mês.

COMO BAIXAR E QUANTO CUSTAM AS FERRAMENTAS

Zapia

  • Quanto custa: gratuito
  • Como acessar: conversar com o número +55 11 3230-2407 no WhatsApp

Layla

  • Quanto custa: R$ 60 por mês
  • Como acessar: https://layla.ai/pt ou baixe o app na Apple Store ou no Google Play

Zing

  • Quanto custa: US$ 9,99 (R$ 55,35) por mês ou US$ 99,99 (R$ 553,95) por ano, equivalente a US$ 8,33 (R$ 46,15) por mês
  • Como acessar: https://www.zing.coach/ ou baixe o app na Apple Store ou no Google Play

Duolingo Max

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