Expansão é a palavra-chave da Nintendo para o Brasil, diz Bill van Zyll, vice-presidente da empresa e diretor para a América Latina. Em entrevista à Folha, ele afirma que a companhia aprendeu sobre o mercado brasileiro e quer ampliar público com as redes sociais, cinemas e maior interação com fãs.
Como nos últimos anos, a Nintendo participou no início do mês da BGS (Brasil Game Show), um dos principais eventos do setor no país. Para van Zyll, a participação com estande maior e a apresentação do Switch 2 é sinal da importância do país para os negócios da dona do Mario, que agora quer dar ainda mais tração a seus consoles por aqui.
O executivo também vê como consolidada a estratégia da companhia no novo continente, encampada pelo CEO Doug Bowser, que deixará o cargo no fim deste ano. A saída do presidente-executivo, para ele, não se converterá em recuos na região.
Lançado em junho no Brasil, as vendas de Switch 2 foram uma surpresa para a divisão da América Latina da Nintendo, que esperava uma demanda menor. A menor quantidade de consoles disponíveis levou a esgotamentos e preços acima do recomendado pela própria companhia.
Van Zyll cita o sucesso mundial, com mais de 6 milhões de unidades do novo videogame vendidas, e diz que a resposta à demanda tem sido um desafio em todo o globo. Segundo a Bloomberg, a japonesa deve produzir 25 milhões de unidades até março para suprir o desejo dos consumidores.
Sobre o Brasil, ressaltou que o lançamento foi no mesmo da estreia mundial. Também citou Doug Bowser como responsável por essa coordenação no país e disse que a companhia está animada com a recepção do console.
“Globalmente, já são mais de 6 milhões de unidades. E aqui no Brasil, pensamos que tínhamos um volume razoável que achávamos que poderíamos vender no Brasil e esgotamos imediatamente, ficamos sem estoque. Então temos tentado acompanhar a demanda, o que certamente tem sido, também, um desafio global”, afirma o executivo.
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Segundo van Zyll, a saída da Nintendo do Brasil em 2015 interrompeu a chegada da marca a um público maior. Cinco anos depois, em 2020, a volta precisou de um aprendizado da realidade do país e dos desafios econômicos para tornar o consumo de consoles e jogos da marca mais acessível.
“Há muito o que recuperar, mas há muito potencial. Sempre tivemos muita força no Brasil, os fãs conhecem a Nintendo e nossas plataformas, e queremos garantir que seguimos ouvindo estes fãs. Mas precisamos chegar a um público expandido, que pode ter um Switch ou Switch 2 em casa.”
Ele cita um comercial feito pela empresa para o público brasileiro, produzido no país e com atores brasileiros. No anúncio, o console utilizado é o Switch original, e van Zyll cita a intencionalidade na escolha, pela acessibilidade. Ele afirma que o público a ser alcançado são as famílias e o jogador casual.
Além do anúncio, o vice-presidente da empresa japonesa cita o investimento em jogos em português brasileiro, os filmes lançados pela companhia, eventos realizados em shoppings e parceria com lojas de roupas como formas de levar o Mario e outras franquias para novos consumidores. “O que procuramos fazer é conectar tudo de volta aos videogames”, disse.
A Nintendo anunciou recentemente o “The Super Mario Galaxy Movie”, próximo longa do personagem. “Super Mario Bros. O Filme”, primeira animação do mascote da japonesa nas telonas, foi a maior bilheteria do país em 2023.
Sobre a transição de chefia, van Zyll elogiou Doug Bowser e disse que ele conhecia bem a realidade na América Latina por já ter morado em vários países do continente, conhecendo as realidades e os gargalos dos principais mercados disponíveis.
“Doug é uma pessoa extraordinária. Ele é um líder excepcional e também é um jogador incrível. O impacto da saída dele em nossos negócios na América Latina é zero. E digo isso porque ele ajudou a estabelecer uma base muito sólida sobre a qual estamos construindo”, afirmou van Zyll.
“Desde o primeiro dia ele tem sido um grande apoiador, colocando foco na América Latina e no Brasil. E isso está ganhando impulso, crescendo. Já existe muito foco na América e no Brasil”, acrescentou.
Ele cita a próxima CEO, Devon Pritchard, como uma defensora do trabalho de Bowser, e diz que a visão holística dela em áreas como receita e marketing deve fortalecer a estratégia de expansão da região. Pritchard será a primeira mulher a chefiar o braço americano da Nintendo.
Os 40 anos do Mario, uma das principais figuras da empresa japonesa de games, são comemorados por van Zyll, que vê o encanador com fôlego para seguir adiante como uma figura pop, para além dos games.
“Ele é simpático. Nós vimos ele evoluir, desde quando ele era 8 bits, e essa progressão tem sido absolutamente fantástica. Mas o que é incrível é apenas o quão relevante ele é em todas as idades, seja para crianças pequenas ou pessoas mais velhas”, afirmou. “E ele é atemporal.”