Nesta sexta-feira (29), o CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), em Campinas (SP), recebeu dezenas de empresários brasileiros interessados em fornecer produtos e serviços para o CERN (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear), uma das mais importantes instituições científicas do mundo. O encontro, promovido em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), contou com a presença da ministra Luciana Santos e apresentou oportunidades de colaboração e de negócios em um mercado de alta tecnologia.
“Esse evento tem tudo para impulsionar os negócios brasileiros, especialmente na área da ciência e tecnologia, através desta parceria com o CERN. É uma maneira de a gente entrar num mercado muito promissor. O mercado de acelerador de partículas prevê investimentos de meio bilhão de dólares, envolve uma tecnologia complexa de ímãs, condutores, um conjunto de ferramentas e insumos muito especiais e de valor agregado”, disse a ministra Luciana Santos.
Em 2024, o Brasil conquistou o status de Estado Membro Associado do CERN, sendo o único país da América Latina a integrar oficialmente a instituição. Essa adesão não apenas fortalece os laços de cooperação científica internacional, mas abre portas para que empresas brasileiras participem de licitações e forneçam equipamentos de alta tecnologia e outros itens de consumo ao CERN, ampliando significativamente as oportunidades de negócios em um ambiente altamente inovador.
“O Brasil e a indústria nacional revelam potencial e a possibilidade de entrar nesse mercado que é internacional, por conta do próprio acelerador Sirius, que foi construído com 80% da indústria brasileira, revelando que a gente tem condições de entrar em mercados mais complexos da indústria”, afirmou a ministra.
O conselheiro Sênior de Relações Internacionais do CERN, Salvatore Mele, participou do evento e fez uma apresentação aos empresários e à ministra. Também participou Rafael Navarro, indicado pelo MCTI como novo Oficial de Integração Industrial (ILO) do CERN, que fará a intermediação entre as empresas brasileiras e o centro de pesquisa europeu, facilitando negócios e parcerias.
Eles falaram sobre as inúmeras possibilidades de negócios em áreas que vão da construção civil à alta tecnologia para desenvolvimento de ímãs, aceleradores e equipamentos eletroeletrônicos. Também mostraram como são os processos de licitação, regras e exigências burocráticas para viabilizar os negócios.
“Eu agradeço à ministra pela indicação para exercer a função de integração entre indústria brasileira e o CERN. Estarei à disposição de todos os interessados para tirar as dúvidas, esclarecer detalhes de todos os processos e ajustar possíveis arestas para possibilitar os negócios e ampliar a atuação nacional no centro”, falou Navarro.
O CNPEM foi escolhido como sede do evento por já ter uma parceria antiga com o Centro Europeu, em projetos para desenvolvimento de tecnologias avançadas. Atualmente, o CNPEM, com o apoio do CERN, avança na construção de um acelerador de prótons e trabalha em um wavelengthshifter, o primeiro magneto supercondutor deste tipo construído no Brasil. Esses projetos têm potencial para impulsionar avanços nas áreas de energia, saúde e materiais, com múltiplas aplicações previstas, entre elas, aceleradores para produção de radioisótopos para tratamentos e diagnóstico de câncer e fontes de nêutrons para aplicações em materiais.
“O CNPEM, por ser abaixo da linha do Equador o centro mais avançado dos aceleradores, a pedido da própria ministra, vai apoiar essas empresas para que elas tenham sucesso junto ao CERN. Entre os muitos aspectos positivos, está a geração de emprego, renda e mais impostos que vão retornar, inclusive, para o apoio à ciência, o que é fundamental”, pontuou o diretor-geral do CNPEM, Antonio José Roque da Silva.
O centro brasileiro se colocou à disposição para auxiliar com sua experiência todas as indústrias nacionais que se interessem em participar dos processos licitatórios do CERN e que, por ventura, tenham necessidade de apoio especializado para esmiuçar informações técnicas.
“Você tem ainda outros benefícios, como a aquisição de tecnologia para um determinado produto que pode no futuro ser utilizada em outra área e abrir novos mercados para a empresa desenvolvedora que, de certa forma, ganha quase que um selo de qualidade. uma empresa, ao se tornar fornecedora do CERN, que é um laboratório que exige equipamentos de alta performance, se qualifica para concorrer em qualquer outro ambiente”, enfatizou José Roque.
Além de representantes da indústria, evento também reuniu profissionais da comunidade acadêmica e representantes de agências de fomento e inovação, como FINEP, SENAI, Embrapii e FAPESP.
Depois do evento, os empresários visitaram o Sirius, o maior equipamento científico do país e um dos três aceleradores de partículas de terceira geração do mundo.
Sobre o CERN
Localizado na fronteira entre Suíça e França, o CERN é um dos principais centros de pesquisa em física de partículas do mundo. Seus cientistas e engenheiros exploram os constituintes fundamentais da matéria, promovendo colisões de partículas subatômicas para investigar as leis fundamentais do universo.
Com informações do CNPEM