Gráficos mostram detalhes sobre uso do TikTok nos EUA – 13/10/2025 – Mercado

A longa saga sobre quem deveria ser dono do aplicativo de vídeos curtos mais popular do mundo está quase no fim.

No dia 25 de setembro, Donald Trump assinou uma medida permitindo que o aplicativo continue operando nos Estados Unidos, com base no acordo de que sua controladora chinesa, a ByteDance, venderá a maior parte de sua participação nas operações americanas do TikTok.

A ByteDance ficará com menos de 20% do app, enquanto a maior parte do restante será comprada por investidores americanos. O acordo, que tem 120 dias para ser concluído, marca o começo do fim de uma saga de anos, marcada por ameaças de banimento e telefonemas tensos entre presidentes. Gráficos mostram quem e o que está presente na plataforma tão discutida.

O interesse do presidente na plataforma se deve principalmente ao alcance e à influência. Mais de 116 milhões de americanos usam o TikTok todos os meses. Ele é particularmente popular entre os jovens americanos.

Os mais ávidos são os de 18 a 25 anos que, em junho, passaram quase uma hora por dia rolando ou postando vídeos. Para adolescentes, é o aplicativo preferido: eles passam mais tempo no TikTok do que no YouTube e no Instagram juntos.

Trump atribuiu ao conteúdo do TikTok parte de seu desempenho acima do esperado entre jovens eleitores na eleição do ano passado. O presidente pode estar esperando que a plataforma continue a favorecê-lo —entre os novos donos estão várias empresas controladas por seus aliados.

Esse alcance torna o TikTok uma potência comercial. Analistas estimam que sua receita americana —em grande parte proveniente de publicidade e ecommerce— chegará a US$ 20 bilhões neste ano. No ano que vem, suas vendas de publicidade nos EUA crescerão quase 25%, projeta a eMarketer, uma empresa de pesquisa.

Mesmo sob a ameaça de um banimento, ele continuou sendo um dos apps mais baixados dos EUA neste ano, segundo a Sensor Tower, outra empresa de pesquisa. Mas começam a surgir rachaduras. O tempo que os americanos passam na plataforma está caindo, à medida que rivais como Instagram e YouTube imitam suas funções, e muitos usuários (ou seus pais) tentam limitar o tempo gasto nos celulares.

Exatamente o que os usuários veem no TikTok é mais difícil de avaliar. Como outras redes sociais, a plataforma é reservada em relação a seus dados e não oferece uma visão centralizada do que é publicado.

Felizmente, em um artigo em andamento publicado em maio deste ano, o pesquisador Benjamin Steel e coautores desenvolveram uma forma engenhosa de capturar todos os vídeos publicados na plataforma durante pequenos intervalos de tempo.

Os autores compartilharam com a Economist uma amostra de postagens publicadas em um dia aleatório do ano passado (10 de abril de 2024). Isso permite vislumbrar exatamente quanto, e o quê, é publicado.

Os resultados confirmam a reputação do app como central de frivolidade e imagem pessoal. O TikTok atribui rótulos de categoria aos vídeos. Após a exclusão dos vídeos sem rótulos (que representavam cerca de 30% do total da amostra), 23% estavam relacionados a entretenimento e cultura pop, incluindo lip-sync (dublagens); 13% a beleza e moda.

Cerca de 42% caíram na vaga categoria “filmagem aleatória” do TikTok. Uma descoberta marcante foi a prevalência de crianças no conteúdo. Os próprios rótulos do TikTok sugeriram que 4% das postagens mostravam bebês, tornando essa a quarta maior categoria individual

Steel e seus colegas treinaram um modelo de aprendizado de máquina para detectar crianças em vídeos e descobriram que quase um quinto de todas as postagens em sua amostra apresentava menores.

As categorias do TikTok devem ser interpretadas com cautela —não há rótulo para política ou conflito, por exemplo, e a empresa não explica como as postagens são classificadas. As hashtags fornecem uma checagem cruzada: além das genéricas, como #fyp (que significa For You Page, a página inicial do TikTok) e #viral, a mais popular no conjunto de dados de 1,9 milhão de vídeos foi “#duet”, usada mais de 16 mil vezes. A tag “#politics” apareceu em apenas 58 vídeos.

O que os usuários realmente veem é determinado pelo algoritmo de recomendação do TikTok. Essa é a “fórmula secreta” que torna o app tão popular e parte do motivo pelo qual Trump queria o aplicativo sob controle americano.

Se o TikTok continuará tão atraente sob sua nova direção pode depender da herança desses dados. Caso contrário, o algoritmo terá de reaprender os gostos dos usuários do zero. Para os milhões que passaram anos treinando seus feeds, isso pode ser suficiente para fazê-los deslizar para longe.

Texto do The Economist, traduzido por Gustavo Soares, publicado sob licença. O artigo original, em inglês, pode ser encontrado em www.economist.com

Consultor Júridico

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