Indiciamento de Bolsonaro provoca delírio no WhatsApp – 25/11/2024 – Encaminhado com Frequência

Desde que o ministro do STF Alexandre de Moraes derrubou o sigilo da decisão que prendeu militares suspeitos de planejar o assassinato de Lula, de Alckmin e do próprio Moraes, uma grande quantidade de narrativas distintas está tomando conta das redes sociais, principalmente dos grupos de mensageria.

Nos mais de 90 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram analisados pela Palver, a troca de mensagens sobre o tema atingiu o pico na terça-feira (19), após a prisão dos militares, e voltou a atingir o mesmo patamar na sexta-feira (22), após o indiciamento de Bolsonaro pela Polícia Federal.

Nos grupos de apoiadores de Bolsonaro, há o predomínio de um delírio generalizado acerca das explicações que estão sendo criadas para tentar justificar as atitudes dos militares que foram reveladas na decisão de Moraes.

Em uma linha mais tímida e radical, há uma parcela dos usuários que critica Bolsonaro e os militares presos por serem fracos e covardes por não terem concluído o plano.

No entanto a maior parte das mensagens tentou promover a negação de que os fatos tenham ocorrido. Para isso, há um forte ataque à imprensa e a argumentação de que tudo isso é uma invenção com o objetivo de perseguir Jair Bolsonaro.

Um dos vídeos divulgados pede para que os apoiadores desliguem as televisões e não leiam jornais para que não sejam contaminados pelas mentiras disseminadas pela mídia. Além disso, há muitas tentativas de descredibilizar os jornalistas responsáveis pela divulgação das notícias.

Esse incentivo à alienação com relação ao tema se justifica pela tentativa de evitar uma dissonância cognitiva entre os apoiadores do ex-presidente.

Isso porque, com toda a troca de mensagens que ocorreu entre os militares e que foram relevadas nas decisões, fica bastante explícito o planejamento dos assassinatos que resultariam em um golpe de Estado.

Nesse sentido, uma parte dos apoiadores de Bolsonaro sempre acreditou na luta do bem contra o mal e que estariam defendendo o lado certo da história, a democracia, a família e os valores cristãos. O planejamento revelado expõe uma outra faceta e de difícil aceitação por essa parcela dos apoiadores. Nesse sentido, a negação traz alívio.

Em uma parte dos grupos, houve empenho em tentar despertar a raiva da população contra o Supremo Tribunal Federal. Para isso, os textos divulgados ignoram tudo o que foi exposto pela decisão de Moraes e argumentam que na, mesma semana, o STF “mandou soltar traficantes e prender os militares” e que há uma inversão de valores patrocinada pelos ministros do tribunal.

Outra variação dessa narrativa é a de que Bolsonaro estaria sendo perseguido pelo STF, principalmente pelo ministro Gilmar Mendes, por ter acabado com a corrupção em Itaipu que alimentava um esquema ligado aos ministros e suas famílias. Esse texto foi encaminhado em diversos grupos apontando o que teria sido o início da perseguição.

Há também aqueles que argumentam que a revelação das conversas provam a inocência de Bolsonaro, uma vez que sua inação teria sido a motivação principal para que os militares não dessem sequência ao plano criminoso e, portanto, o ex-presidente seria o verdadeiro herói.

Essa linha argumentativa traz diversas variações nas redes sociais e entre seus principais difusores está o jornalista Alexandre Garcia, cujos vídeos circulam nos grupos públicos de WhatsApp. Fotos de Bolsonaro na mesa de operação após a facada endossam essa narrativa de heroísmo e inocência.

Por fim, outra parcela dos apoiadores do ex-presidente tenta ironizar as acusações e infantilizar o debate alegando que nunca houve nada sério com relação ao tema. Nos vídeos e imagens, as referências ao caso são denominadas de “tentativa de gópi” e prevalece o uso de humor e sarcasmo.

A grande quantidade de material produzido entre vídeos, imagens, áudios e textos deixa evidente a importância de não perder a batalha no campo da comunicação com relação a esse tema. A estratégia adotada foi a de inundar os grupos com conteúdo, mesmo que as mensagens sejam contraditórias ou desligadas da realidade.


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