Lenio Streck: O advogado resiste! Eis o Fator Stoik Mujic!

Do meu Dicionário Senso Incomum, vai aqui minha homenagem ao Dia do Advogado, com parte do verbete “O Fator Stoik Mujic”.

Nos EUA, o advogado Donovan é designado para defender o espião russo Rudolf Abel no auge da Guerra Fria. Trata-se de um julgamento de fachada e Donavan sabe que isso lhe trará antipatias. Até a sua mulher e seu filho são contra a ideia de que ele “pegue” a causa, todavia, a firma diz que seria bom para o país que Donavan fizesse a defesa.

Donavan é vaiado nas ruas. Sua casa é atingida por disparos. Sua família se vira contra ele. Seu filho de 10 anos lhe pergunta: “Por que você está defendendo um comunista? Você é comunista?” E Donavan responde: “Apenas estou fazendo meu trabalho.”

Ele aceita a causa. E luta. O juiz é solipsista ao máximo. Donavan alega garantias. Esgrime a 5ª Emenda. É pressionado pela CIA, a cujo agente manda “se catar”. E, sobranceiro, esgrime o livrinho: a Constituição dos Estados Unidos da América!

Ele vai até a Suprema Corte com o seu cliente!

Há um momento em que, falando com o seu constituinte, o espião, este estranha que Donavan nunca lhe tenha perguntado se era inocente. Donavan respondeu: “Não me importa. O que importa é que o Estado é que deve provar isso. E não o contrário”.

Presunção da inocência! Eis o lema!

Por fim, há uma cena que é o exemplo que confirma o conceito de princípio. Ao visitar seu cliente na prisão, este lhe conta a seguinte história: quando menino, na Rússia, seu pai tinha um amigo. Seu pai dizia: preste atenção nesse homem. Ele não tinha nada de especial. Mas um dia agentes invadiram sua casa, quando lá estava esse amigo. Bateram na sua mãe, no seu pai e no amigo, e este, cada vez que caía, surrado e chutado, levantava-se. E lhe batiam de novo. Caía e se levantava. E disse o espião: “E por isso sobreviveu”.

O espião fez entender, então, que Donavan lembrava a ele esse amigo de seu pai. E disse as razões: aquele homem, amigo de seu pai, era um stoic mujic, que quer dizer “o homem que fica em pé” (ou o homem estoico, que sofre, mas não cai).

Eis o que chamo de fator stoic mujic, entendendo ser fundamental para os advogados: apanhamos e nos levantamos. Apanhamos e nos levantamos. E por isso sobrevivemos.

É fundamental que o advogado seja capaz de resistir e continuar lutando por princípios, contra tudo e contra todos, se assim for necessário.

Criei a expressão “fator stoic mujic” a partir do filme Ponte dos Espiões (Bridge of Spies, de 2015, dirigido por Steven Spielberg).

Advogados do Brasil: Stoik Mujic!

Consultor Júridico

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