O Ministério Público Federal pediu a prisão de três agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) envolvidos na ação que resultou na morte da menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos. O pedido foi feito nesta sexta-feira (15/8), portanto, antes de a criança morrer.
Heloísa morreu às 9h22 deste sábado (16/8) devido a uma parada cardiorrespiratória. Ela foi atingida por tiros na cabeça e pescoço, quando passava com a família pelo Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, e ficou oito dias internada em um hospital.
Segundo William da Silva, pai da menina Heloísa, o carro onde eles estavam foi alvo de tiros que partiram de uma viatura da PRF.
O MPF pediu ainda nova perícia nas armas dos policiais e no carro da família, já que não concordou com o trabalho realizado pela Polícia Civil.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a PRF disse que não tem informações sobre os pedidos de prisão feitos pelo MPF.
Mais cedo, em nota, a PRF afirmou que se solidariza com a família de Heloísa, que está sendo acompanhada pela Comissão de Direitos Humanos da corporação, para acolhimento e apoio psicológico. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal (PF) e pelo MPF.
Gilmar sugere reformulação da PRF
Diante da morte da menina Heloísa dos Santos Silva, o decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, sugeriu a reformulação da PRF diante do envolvimento da instituição em casos de violência e na tentativa de golpe de Estado.
“Ontem, Genivaldo foi asfixiado numa viatura transformada em câmara de gás. Agora, a tragédia do dia recai na menina Heloisa Silva. Para além da responsabilização penal dos agentes envolvidos, há bem mais a ser feito. Um órgão policial que protagoniza episódios bárbaros como esses — e que, nas horas vagas, envolve-se com tentativas de golpes eleitorais —, merece ter a sua existência repensada. Para violações estruturais, medidas também estruturais”, escreveu Gilmar.
“Lamento profundamente a perda da pequena Heloísa. É preciso apurar com rigor as causas e as responsabilidades dessa tragédia. Determinei à Procuradoria-Geral da União que acompanhe imediatamente o caso para avaliar eventual responsabilização na seara cível”, disse hoje o advogado-geral da União, Jorge Messias.
Já o ministro da Justiça, Flávio Dino, publicou a nota de pesar divulgada pela PRF nas redes sociais e lamentou o ocorrido. “Quanto à apuração de responsabilidade administrativa, reitero que o processo administrativo foi instaurado no mesmo dia da ocorrência. Minha decisão só pode ser emitida ao final do processo, como a lei determina.”