O presidente Donald Trump anunciou nesta terça-feira (16) um acordo entre os Estados Unidos e a China para manter o TikTok em funcionamento no país e estendeu o prazo para a conclusão do negócio para 16 de dezembro.
O acerto exige que os ativos americanos do TikTok sejam transferidos da chinesa ByteDance para os novos donos nos EUA, o que pode encerrar uma disputa que se arrasta há quase um ano.
“Temos um acordo sobre o TikTok… temos um grupo de grandes empresas que querem comprá-lo”, disse Trump em entrevista a jornalistas na Casa Branca, sem dar mais detalhes.
Segundo o Wall Street Journal, as operações americanas serão controladas por um consórcio de investidores que inclui Oracle, Silver Lake e Andreessen Horowitz, com fatia de 80%, e acionistas chineses detendo o restante.
Um desfecho para a rede social que conta com 170 milhões de usuários nos EUA representaria um avanço em meses de negociações entre as duas maiores economias do mundo, que tentam reduzir as tensões de uma guerra comercial que tem abalado os mercados globais.
O anúncio ocorreu um dia antes do prazo de 17 de setembro para vender ou encerrar o aplicativo. Mais tarde, a Casa Branca estendeu o prazo para 16 de dezembro. O governo não deu mais detalhes sobre o acordo com a China.
A prorrogação dará à ByteDance mais 90 dias para finalizar a transferência dos ativos americanos do TikTok para proprietários dos EUA, indicando que ainda há muito trabalho para concluir a transação.
A entidade norte-americana terá um conselho dominado por americanos, segundo o Wall Street Journal, com um membro indicado pelo governo dos EUA.
A ideia segue o modelo de um recente acordo de segurança nacional firmado pelo governo Trump que permitiu à Nippon Steel comprar a US Steel, após os EUA receberem o direito de indicar um conselheiro, além de uma Golden Share.
Os usuários do aplicativo serão solicitados a mudar para um novo aplicativo, que a TikTok criou e está testando, segundo o jornal. A Oracle lidará com os dados dos usuários em suas instalações no Texas.
Qualquer acordo pode precisar da aprovação do Congresso, controlado pelos republicanos, que aprovou em 2024 —ainda no governo Biden— uma lei exigindo a venda do TikTok, sob alegações de que os dados dos usuários americanos poderiam ser acessados pelo governo chinês para espionagem ou operações de influência.
Os termos básicos do novo acerto, semelhantes aos de abril, incluem que a ByteDance manterá a maior participação acionária individual, de 19,9% —um décimo abaixo do limite legal de 20%, segundo pessoas a par do assunto.
Embora os termos gerais devam permanecer os mesmos, as fontes afirmaram não saber exatamente como ficará a versão final, já que mudanças de última hora ainda são possíveis.
Folha Mercado
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O secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse à CNBC nesta terça que os termos comerciais do acordo estavam “basicamente fechados desde março”, restando apenas alguns ajustes.
“Esse acordo não seria fechado sem garantias adequadas para a segurança nacional dos EUA”, disse Bessent. “Parece que também conseguimos atender ao interesse chinês.”
Segundo a CNBC, o fechamento do acordo é esperado dentro de 30 a 45 dias e deverá incluir tanto investidores atuais da ByteDance quanto novos investidores.
O governo Trump se recusou a aplicar a lei, temendo irritar a enorme base de usuários do TikTok e prejudicar a comunicação política. Em vez disso, prorrogou o prazo de venda três vezes.
Era esperado que Trump, que credita ao TikTok parte da ajuda para sua reeleição no ano passado e tem 15 milhões de seguidores em sua conta pessoal, prorrogasse pela quarta vez. O governo também lançou uma conta oficial no aplicativo no mês passado.
Um acordo para o TikTok foi suspenso no início do ano depois que a China indicou que não o aprovaria após anúncios de Trump sobre tarifas a produtos chineses. Washington defende que o controle da ByteDance torna o TikTok subordinado ao governo chinês.
A empresa, no entanto, afirma que autoridades americanas deturparam suas ligações com a China, ressaltando que o motor de recomendação e os dados de usuários dos EUA ficam armazenados em servidores em nuvem operados pela Oracle, enquanto decisões de moderação de conteúdo que afetam americanos também são tomadas dentro do país.
As ações da Oracle reduziram parte dos ganhos nesta terça-feira após a notícia, mas ainda subiam 1% no fim do pregão.
Um acordo preliminar foi fechado por autoridades dos dois países na segunda-feira (15). A confirmação final é esperada para sexta-feira (19), em uma ligação entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping.
Em março, Trump disse que sua administração estava em contato com quatro grupos interessados na compra do TikTok. Entre os potenciais compradores estavam Microsoft, Amazon, o bilionário Frank McCourt e um consórcio liderado pelo fundador do OnlyFans.
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